quinta-feira, 26 de abril de 2012

O Nada

Enquanto não fizermos nada, o nada acontecerá. Ultimamente tenho tido provas concretas de que enquanto não fizermos nada, nada será feito. Quando era adolescente, acreditava que podíamos mudar o mundo ("Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?...") participei de lideranças jovens, manifestações, greves... sempre tinha opinião e expunha ela sem pestanejar. Lutava por meus direitos e pelos de todos que achava que podia lutar. Não sei o que aconteceu, mas em algum lugar do passado eu perdi essa coragem. Perdi essa capacidade de acreditar que se fizermos nossa parte, de alguma forma conseguiremos mudar alguma coisa. Essa coragem que nos dá força para questionarmos e impormos nossa vontade, nossa existência, doa a quem pudesse doer. Hoje sou medíocre, aceito minha condição, sem achar saída nela. Não acredito que se eu reclamar, expuser minha opinião, que alguma coisa vá mudar. Que eu vá fazer a diferença, ou que alguém se importe com isso. Parece que conseguiram me mudar. O sistema, parece pra mim uma causa sem solução, inatingível. Hoje, vejo o meu país de que tanto me orgulho, tratar com descaso e indiferença todos aqueles que tentam fazer o certo, serem corretos e honestos. Vejo a educação, o principal pilar de uma sociedade, em nosso país ser totalmente ignorada, desprezada, humilhada. Um ser humano que não é educado, não sabe discernir sobre o que é melhor para si, ou para os que te cercam. Não sabe respeitar ao próximo e muito menos a si mesmo. Enquanto a educação do nosso país for artigo de luxo, nosso país será artigo de lixo. Eu, que um dia acreditei que poderia mudar o mundo, que dediquei a minha vida para ter uma educação decente e apreender o que pudesse aprender, hoje sou medíocre, e aceito sem falar nada, só chorando baixinho... que desvalorizem tudo aquilo o que eu mais valorizei a vida inteira. É... enquanto não fizermos nada, o nada acontecerá.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Se ocupando com preocupações

Ultimamente ando divagando muito sobre minhas preocupações. Sempre fui uma pessoa bem "pré-ocupada" com tudo e com todos. Acho que principalmente com todos mais do que com tudo. Percebi só agora, no alto dos meus 28 anos de idade, que isso me torna uma pessoa insuportável e controladora. Se preocupar com seus problemas o tempo todo, já é quase patognomônico de neurose, mas se além disso você se ocupa demais com os porquês e poréns de todos os que te cercam, isso te torna um "neuroticoinsuportável ser". Cada um tem direito e deveres sobre si mesmo, e quem sou eu para interferir ou achar o que é certo, errado, melhor ou pior para alguém?! Me descobri uma pessoa arrogante e presunçosa ao me perceber como ditadora de regras e de escolhas de todos aqueles que um dia venham a se aproximar de mim. Sempre achei que desta forma estaria ajudando... que queria o bem do outro ... mas na verdade acho que queria gastar minha preocupação excessiva, para ver se um dia ela teria fim. Ao fim de tudo, acho que divagar sobre este assunto me fez perceber o porquê da minha vocação. Escolher fazer Medicina, não é porque quero ajudar aos outros, e sim porque posso me manter sempre preocupada com tudo e todos. Pois para mim, o médico nada mais é do que um preocupado que age se ocupando com problemas alheios. Espero que ao me formar como médica gaste bastante esta preocupação excessiva para deixar de lado aqueles que me cercam e não são meus pacientes.